5. EXECUÇÃO

A execução do piso começa pelo desenvolvimento de um projeto específico, onde se devem levar em consideração o estudo do solo local, tipos de utilização e equipamentos. Antes da escolha do sistema devem ser observadas algumas características, como o estudo do solo no qual ele será apoiado, tipos de ataques físicos a serem suportados, tipo de transporte que circulará por sua superfície, temperatura de operação do ambiente e exposição ou não a intempéries.
As equipes devem ser devidamente treinadas e qualificadas, sendo aconselhável a construção de um trecho preliminar, com objetivo experimental e que poderá ser usado também para a definição do padrão de qualidade.


5.1 EXECUÇÃO DA FUNDAÇÃO DO PISO

A fundação do piso é composta pelo preparo do subleito e da sub-base, seguida, eventualmente, pelo isolamento desta com a placa de concreto.
Subleito: o preparo do subleito visa garantir a compactação exigida em projeto, que fica entre 95% e 98% da energia do proctor normal. A qualidade da compactação é dada a partir do seu controle, sendo necessário conhecer a curva de compactação do solo, que irá fornecer a massa específica seca máxima e a umidade ótima.
Sub-base: a sub-base tem três funções principais, como drenagem, função estrutural, dando maior capacidade de suporte, e homogeneidade. Os equipamentos mais apropriados para a compactação de materiais granulares são os rolos compactadores vibratórios lisos ou placas vibratórias.
Isolamento da placa com a sub-base: é constituído por um filme plástico e tem como função reduzir o coeficiente de atrito entre a placa de concreto e a sub-base, e a formação de uma barreira de vapor que impede a ascensão da umidade.

5.2 FÔRMAS

As fôrmas mais utilizadas são comportas por perfis metálicos dobrados ou também podem ser de madeira de lei, constituídas por vigas maciças, normalmente empregadas na execução de pisos com índices de nivelamento rigorosos, pois permitem retalhos mesmo com a fôrma instalada.
A altura da fôrma deve ser ligeiramente menor do que a espessura do piso para facilitar o seu assentamento e fixação sem que seja necessário cavar a sub-base para acertos finos, e deve atender aos seguintes requisitos:

· Possuir linearidade superior a 3 mm em 5 m.
· Ser rígida o suficiente para suportar as pressões laterais produzidas pelo concreto.
· Ser estruturada para suportar os equipamentos de adensamento, como réguas vibratórias.
· Deve ser leve para permitir o manuseio sem o emprego de equipamentos pesados e prática para que a montagem seja rápida e simples.
· Os furos feitos para a colocação das barras de transferência devem ter diâmetro que permita a remoção da fôrma com facilidade, cuja tolerância de colocação é de ±25mm no plano horizontal e ±12,5mm no vertical.

O sistema de fixação é feito com pontas de ferro com diâmetro de pelo menos 16mm, cunhas de madeira, complementado por bolas de concreto que devem ter o mesmo nível de resistência do concreto da placa.

5.3 POSICIONAMENTO DA ARMADURA

Toda armadura deve ser posicionada antes do lançamento do concreto, empregando os critérios:
Armadura superior: para os projetos que utilizam tela soldada em cama única na face superior, o posicionamento se dá por dois caminhos:
· Utilização de caranguejos – consiste em um pedaço de barra de aço dobrada, de maneira que a base tenha sustentação para manter posicionada a armadura.
· Utilização de distanciadores soldados – consiste em distribuir linhas ou colunas de distanciadores soldados, afastadas aproximadamente 80 cm umas das outras.
Armadura inferior: nos pisos e pavimentos estruturalmente armados temos a presença de aço na face inferior das placas de concreto, cujo comprimento será de grande importância para a vida útil das estruturas, fazendo-se necessária a utilização de distanciadores. Os mais empregados são os distanciadores plásticos, pois garantem o posicionamento das armaduras, devendo ser utilizados na razão de 4 a 5 por m2.

Figura 8: Nivelamento a laser ou óptico das fôrmas e montagem das armaduras.

5.4 SEQUÊNCIA DA CONCRETAGEM

A concretagem do piso é muito importante, devido a sua influência no desempenho final deste, pois é nela que ocorrem as chamadas patologias, como por exemplo a baixa resistência ao desgaste, fissuras de natureza plástica, escamamento, rugosidade excessiva e absorção elevada.
A sequência de concretagem deve ser executada em faixas alternadas, onde um longo pano é concretado e posteriormente as placas são cortadas, fazendo com que haja continuidade nas juntas longitudinais e que os mecanismos de transferência de carga nas juntas também possam ocorrer por intertravamento dos agregados. Desse modo, haverá sempre uma faixa livre contígua, permitindo a passagem dos equipamentos e a continuidade do acabamento.

Figura 9: Concretagem em faixas.

 
5.5 LANÇAMENTO DO CONCRETO

Apesar de ser uma operação simples, o lançamento do concreto é importante devido à textura e o acabamento superficial, devendo ser lançado de forma contínua e com velocidade constante.
A facilidade de operação se deve ao fato de que, geralmente, é possível lançar diretamente com o caminhão-betoneira, o que torna o trabalho mais ágil. Mas bombas também podem ser utilizadas, sendo preferível a do tipo lança, pois apresenta maior versatilidade e capacidade de lançamento.
O lançamento deve ser feito sempre em camada única, e a sua velocidade deve ser compatível com a condição de vibração e acabamento do concreto, não sendo recomendável que, após o lançamento, haja demora nos trabalhos complementares.

Figura 10: Lançamento do concreto.

5.6 ADENSAMENTO

O adensamento do concreto deve ser feito com a utilização de réguas vibratórias, devido às grandes áreas dos pisos e suas baixas espessuras. Junto às fôrmas é conveniente o emprego de vibradores de imersão associados com as réguas, pois nesses locais a eficiência das mesmas é sempre baixa.
Há equipamentos que fazem simultaneamente as operações de espalhamento e adensamento, como a Laser Screed, que espalham, vibram e dão um primeiro acabamento, permitindo maior produtividade.

Figura 11: Espalhamento e adensamento do concreto com régua vibratória.

5.7 ACABAMENTO SUPERFICIAL

O acabamento superficial é de grande importância na qualidade do piso, quer pelo aspecto técnico, quer pela sua maior visibilidade. Por isso, seu desempenho depende diretamente dos materiais empregados e, principalmente, da qualidade da mão-de-obra. O acabamento dos pisos de concreto pode ser de três tipos: o liso espelhado, geralmente utilizado em áreas internas, o vassourado (com ranhuras) e o camurçado (antiderrapantes, indicados para áreas externas).
A maior parte dos equipamentos é composta por modelos simples e de baixo custo, como o rodo de corte e o bull float (desempenadeira metálica ou de madeira). A aspersão de agregados de alta dureza, conhecida também como “salgamento superficial” e dry-shake, é uma alternativa que vem sendo empregada com freqüência para incrementar a resistência abrasiva, que está fortemente associada à qualidade de acabamento e a resistência do concreto.
Existem dois tipos de acabadoras, a simples, que é mais apropriada para placas pequenas de até 300m² ou para pisos com muitas obstruções, e a dupla, que abrange uma área maior de uma só vez, tendendo a manter a área plana, resultando em pisos mais lisos. Outras diferenças entre a acabadora dupla e a simples é a configuração da lâmina, o tamanho da máquina, o motor e a velocidade.

Figura 12: Acabamento de superfície mecânico com máquina dupla.

Principais operações envolvidas na faze de acabamento do concreto:

· Corte: a passagem da régua vibratória, além de ser empregada no adensamento da superfície, promove o nivelamento ou corte do concreto.
· Desempeno: é a operação tradicional, que utiliza desempenadeiras especiais para pisos, que podem ser de aço, magnésio ou madeira e ter largura em torno de 200mm e comprimento entre 1m e 3m.
· Rodo de corte: é a ferramenta mis simples, composta por um perfil de alumínio retangular, adaptado a um cabo que permite mudar o ângulo de ataque do perfil, fazendo com que ele corte o concreto quando puxado ou empurrado.
· Desempeno ou Float Mecânico: geralmente são utilizados grandes discos acoplados às desempenadeiras mecânicas, tendo como função a compactação da superfície, “puxando” argamassa para cima.
· Alisamento mecânico: é o desempeno fino do concreto, que emprega lâminas de aço, variando a sua inclinação, permitindo a obtenção de uma superfície bastante dura.

Figura 13: Aplicação do corte para obtenção de planicidade e nivelamento.

5.8 CURA DO CONCRETO

A cura do concreto consiste em um conjunto de medidas tomadas para manter as condições de hidratação do cimento, ou seja, umidade e temperatura. Como no Brasil os períodos de baixas temperaturas são raros, os procedimentos de cura acabam limitando-se apenas à manutenção da umidade.
A cura do concreto, além de estar relacionada com a resistência, está ligada aos problemas de superfície, podendo invalidar todos os meios empregados na dosagem, mistura, lançamento, adensamento e acabamento. Ela pode ser dividida em duas etapas no período de hidratação do cimento: cura inicial, que é executada imediatamente após o acabamento do concreto, e a complementar ou úmida, que é feita com a colocação de materiais absorventes na superfície, que já deve ter resistência suficiente para permitir o caminhar de pessoas.

Figura 14: Cura úmida do piso de concreto.

5.9 CORTE DAS JUNTAS

O corte das juntas deve iniciar-se assim que o concreto tiver resistência suficiente para ser cortado sem que haja quebra nas juntas. As juntas que são cortadas inicialmente tendem a apresentar maior abertura, por isso, a programação do corte é importante, portanto, a prática de cortar uma longa faixa ao meio e depois subdividi-las pode, no futuro, apresentar juntas com excessiva movimentação.

Figura 15: Corte das juntas do piso.